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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

PARA PENSAR

Caderno Novo

Luís Fernando Veríssimo


Uma vez , estava conversando com amigos e a conversa chegou naquele ponto em que só há duas opções : ou ir para casa dormir ou cair na bobagem . Caímos na bobagem . Afinal , é para isso que servem os amigos . Depois de nos propormos desafios do tipo : “ quem era que melhor gritava de pavor no cinema ” (a Bárbara Stanwick ganhou fácil ), chegamos a uma daquelas questões definitivas e definidoras. Qual a melhor sensação do mundo ? As respostas variaram desde “ banho quente ” até “ acordar cedo , começar a sair da cama e então lembrar que é feriado ”, passando, claro , por outras menos publicáveis . Mas aí , um amigo disse duas palavras que liquidaram a questão :
- Caderno novo .
Todos concordaram. Não foi preciso entrar em detalhes , e dizer “a sensação de abrir um caderno novo , no primeiro dia da escola , e alisar com a ponta dos dedos a página vazia , sentindo o volume de todas as páginas vazias por trás dela, aquele mundo de coisas ainda não escritas ... E o cheiro do caderno !”
Não houve um que não concordasse que nenhuma outra sensação do mundo se igualava àquela.
O caderno novo também nos provoca uma certa solenidade , lembra? Diante da limpeza , fazíamos um juramento silencioso que aquele ano seríamos alunos perfeitos . E realmente caprichávamos ao preencher o caderno novo com cuidado respeitoso . Pelo menos até a quarta página , quando então , voltávamos a ser os mesmos relaxados do ano anterior . Mesmo porque , o caderno não era mais novo .

VERÍSSIMO, Luís Fernando, “ Caderno novo ”, In: Nova Escola (27), dez ., 1988.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

DICA DE LIVRO

EVENTO 2012



http://www.ucs.br/ucs/tplAnped2011/eventos/anped_sul_2012/inscricao